O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, lidera a comitiva governamental angolana que a partir de terça-feira inicia em Washington as reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
A informação consta de um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças, anunciando estas reuniões, que decorrem até 17 de Abril. Os encontros acontecem uma semana depois de Angola ter solicitado o apoio do FMI para um programa complementar à estratégia de “Saída da Crise”, um programa governamental voltado “para a diversificação da economia nacional, tendo em conta a queda prolongada dos preços do petróleo no mercado internacional”.
“Angola e o FMI esperam iniciar durante as reuniões de Primavera, discussões com vista a definir medidas de política económica a serem tomadas no quadro dos requisitos do Programa de Financiamento Ampliado [Extended Fund Facility – EFF], com forte foco em reformas para remover ineficiências, manter a estabilidade macroeconómica financeira, estimular o potencial económico do sector privado e reduzir a dependência do sector petrolífero”, refere o Ministério das Finanças.
A delegação governamental angolana que está nos EUA desde domingo para participar em “diferentes sessões e reuniões ao mais alto nível” integra, além do ministro das Finanças, Armando Manuel, o vice-governador do Banco Nacional de Angola, Gualberto Lima Campos, bem como responsáveis e técnicos dos ministérios das Finanças e do Planeamento e Desenvolvimento Territorial.
O ministro Armando Manuel afirmou na quinta-feira que Angola não vai estar sob resgate do FMI, apesar de o pedido de apoio para diversificar a economia poder envolver um pacote financeiro, que não quantificou.
A posição foi assumida em conferência de imprensa, em Luanda, com o governante a insistir que o apoio solicitado se enquadra num Programa de Financiamento Ampliado e não um resgate financeiro, até porque, insistiu, a dívida pública angolana “não tem pressão” no curto prazo.
Armando Manuel garantiu que o este tipo de apoio (EFF) tem uma “cunha” de assistência técnica e servirá para maximizar o potencial dos sectores das minas, agricultura, pescas e turismo do país, para assim “gerar mais renda fiscal”.
“Em função das circunstâncias, [o programa] pode trazer pacotes financeiros para apoiar as medidas de política que venham a ser implementadas”, disse, mas sem quantificar montantes possíveis, apesar de questionado nesse sentido.
Reforçou ainda, depois de se referir em concreto à interpretação na comunicação social portuguesa sobre este pedido de apoio: “Não se trata de uma assistência financeira. Deve ficar aqui claro”.
Armando Manuel optou por falar sempre “reforço de cooperação” com o FMI, procurando Angola “absorver o que de melhor existe”, também em termos de gestão da administração tributária, outro dos “vectores” em “agenda” nas negociações com o FMI, juntamente com o combate à informalidade da economia angolana.
O FMI anunciou na quarta-feira que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos serão debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, e numa visita ao país.
Este pedido de apoio surge numa altura de forte crise económica e financeira em Angola, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo.
BNA navega à vista
A fraca competência é a principal fragilidade dos recursos humanos do Banco Nacional de Angola, que, para superar essas debilidades tem recorrido a profissionais estrangeiros, reconheceu hoje em Luanda, um responsável do banco central angolano.
A declaração é do administrador do Banco Nacional de Angola para o pelouro dos Recursos Humanos, Manuel António, que falava hoje à imprensa, à margem de um seminário subordinado ao tema “Recursos Humanos como Parceiro Comercial Estratégico em Qualquer Organização”.
A capital angolana está a acolher, até quarta-feira, este seminário, que decorre no quadro do programa anual de actividade do Instituto de Gestão Macroeconómica e Financeira da África Austral e do Leste (MEFMI).
Segundo Manuel António, o Banco Nacional de Angola, com mais de 90% dos seus técnicos formados em universidades angolanas, sofre igualmente o reflexo do fraco sistema de educação do país.
“O esforço é a superação complementar com experiências vindas de outros países. No caso do MEFMI, é uma plataforma para a partilha desses conhecimentos. Capacidade é a principal fragilidade das pessoas nos bancos”, disse Manuel António.
O responsável respondendo a um apelo do MEFMI para uma maior participação de técnicos angolanos nas acções de formação, justificou a restrição com a barreira linguística.
“Estamos a militar numa organização com cerca de 14 países (de expressão inglesa) em que apenas dois são de expressão portuguesa, daí podem imaginar que não teremos população crítica para participar nessas acções”, disse Manuel António.
Por outro lado, disse que nem sempre as acções do MEFMI interessam a Angola, que possui acordos com outras instituições de formação, de integração da região, caso do Instituto da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, além de academias internas, com cursos de iniciativa institucional.
Na sua intervenção, o secretário executivo do MEFMI, Caleb Fundanga, sublinhou aos participantes a importância dos Recursos Humanos nas organizações, realçando que uma boa gestão dos recursos humanos propicia o combate à corrupção.
De acordo com o responsável, é a partir do recrutamento que se corre o risco de trazer para as organizações pessoas mal cadastradas.
Caleb Fundanga frisou ainda que com bons recrutamentos e boa formação o destino das organizações são potenciados, mas geralmente é dada maior atenção às políticas macroeconómicas em detrimento da gestão do pessoal.
Folha 8 com Lusa